30 de agosto de 2011

Cartas de um marinheiro ao serviço da Nação



Já lá vão 15 dias que o meu marinheiro se fez ao mar ao serviço da nação para combater os piratas.
Ao reler esta frase quase que me sinto teletransportada para aos anos de 1500 e qualquer coisa, qual donzela que vê o seu mais que tudo partir numa caravela em direcção ao desconhecido.
Felizmente não estamos em 1500 e picos, os navios não são de madeira e existe uma coisa magnífica chamada internet que me permite comunicar com ele. Em vez de um pombo correio que levaria semanas/meses a viajar até mim com boas novas, temos o e-mail, que às vezes leva umas horas mais que o habitual a chegar. Mas o que são horas compradas com meses sem comunicação?

Ontem recebi um e-mail, aqui fica um excerto:

"Pelo que sei a água no Djibouti não é potável pelo que vão haver cortes enquanto lá estivermos o que vai ser uma treta, ainda por cima nem convém sequer produzir água doce ali perto. Nem imagino a porcaria que haverá naquelas águas.

Hoje é dia de mais um comprimido da malária, o terceiro já, e até agora tenho-me aguentado, o mesmo não podem dizer alguns que por cá andam.

De resto pelos relatórios que vamos recebendo, há todos os dias navios a serem atacados e ontem havia pelos menos uns 10 nas mãos dos piratas e um resgatado após pagamento. Isto está mesmo activo."

Depois de ler isto as saudades aumentam exponencialmente e o meu coração fica pequenino (falta tanto tempo!!)
Falta de água potável, malária, piratas, aiiiii... depois ainda há quem diga que as forças armadas não servem para nada!
Quando tiverem um amigo(a), namorado(a), irmão(ã) metido num navio minúsculo enviado para África para combater os piratas, depois falamos está bem?

8 comentários:

Malena disse...

Um abraço muito apertado e muita força para o Lince!! :) **

Filipe Ribeiro disse...

Antes de mais admiro a forma como te referes aos militares, muita gente fala mal... mas depois quando estamos lá dentro ou convivemos com alguém de lá de dentro percebemos o quão importantes são para a nação. O teu marinheiro foi cumprir uma missão nobre e corre o risco de ser criticado como chulo da nação. Tão injusto não é?

Mas o melhor a fazer, é o que eu faço, é simplesmente ignorar os ignorantes. Orgulha-te do teu marinheiro... para ele isso é o mais importante... o resto é para ignorar e andar para a frente de cabeça bem levantada com o sentimento de dever cumprido depois de mais uma missão bem sucedida... e é isso que vai acontecer... uma missão cumprida com sucesso.

Depois há que descansar bem para voltar à luta e honra do nosso País.

Sim, a vida militar não me é alheia.

dani disse...

Malena: Um abraço para ti também :) beijinho grande

Filipe: Sê bem vindo!
Quem convive com militares todos os dias acaba por ter uma noção real de como as coisas funcionam, e do que é verdade ou não nas coisas que tomamos como certas ou que nos dão a conhecer. Pena que muita gente desconheça ou simplesmente não queira saber o que realmente se passa.
Porque é que é tão estranho para algumas pessoas que os tugas, que vivem num país pobrezinho e que são uns coitadinhos vão ajudar a combater a pirataria num país tão distante do nosso? Já ouviram falar de globalização? Acham que os produtos todos que consomem são produzidos aqui no rectângulo à beira mar plantado? Não pode ser assim tão difícil de compreender... Enfim, só quem lá está é que sabe. Obrigada pela força :) beijinho

Capitão Merda disse...

Ainda bem que me compreendeste, Dani!
Sabes, tenho o péssimo defeito de dizer sempre o que penso, seja em que circunstância for e trate-se de quem se tratar.

Seja como for, solidarizo-me contigo, pois trata-se de uma questão puramente pessoal.

Cumprimentos e votos de sucesso para o teu doutoramento

dani disse...

Capitão: Agradeço a solidariedade e aprecio a frontalidade. Prefiro pessoas assim =)

Mike disse...

A melhor experiência pessoal que tive até hoje foi pertencer à Marinha! Mesmo que por poucos meses, ainda hoje a recordo como extremamente gratificante.
Força para esse "até já" e que ele volte como foi, mas com mais saudades :)

claudia_f disse...

Só quem tem ou teve familiares nas forças armadas é que consegue ter uma visão realista da importância que os mesmos têm :) Não te deixes afectar pela ignorância nem pela estupidez das pessoas!!

Força aí para ti e para o namorado marinheiro, que ele volte são, salvo e cheio de saudades :)

Filipe Cardoso disse...

Finalmente o "Marinheiro" conseguiu acesso à net. Não comento mais nem estendo mais o assunto além de tudo o que já se discutiu, apenas deixo a notícia de que hoje foi com sucesso resgatado um tripulante de um catamarã que se encontrava sequestrado pelos piratas... e se fosse familiar vosso?

Cumprimentos a todos do Golfo de Aden.